sábado, 30 de outubro de 2010

Países fecham acordo para proteger biodiversidade

Representantes de mais de 190 países reunidos em Nagoia, no Japão, aprovaram nesta sexta-feira um acordo histórico que, se implementado, deve combater ameaças à biodiversidade até 2020 e dividir melhor os recursos obtidos pela exploração do material genético da natureza.
As principais decisões finais do 10º encontro da convenção da ONU sobre diversidade biológica (CBD, na sigla em inglês) são um protocolo sobre como dividir os benefícios representados pela biodiversidade (em inglês, Access and Benefits Sharing, ou ABS) e um plano de ação para proteger as espécies ameaçadas até 2020.
Ambos podem render muito ao Brasil. A estimativa é de que países ricos abram os cofres até 2012 para garantir cerca de US$ 200 bilhões por ano em investimentos de conservação na biodiversidade. A verba deve ser liberada a tempo para a segunda Cúpula da Terra, a ser realizada em 2012 no Rio de Janeiro.
Ainda não está claro, entretanto, de onde essa verba deve sair, uma vez que muitos países ricos se encontram em crise e já se comprometeram em dezembro do ano passado a levantar cerca de US$ 100 bilhões por ano para combater os efeitos das mudanças climáticas.
Os signatários têm agora um prazo de dois anos para estabelecer como o novo financiamento será feito.
Biopirataria
O valor da biodiversidade de cada país também deve entrar nas contas públicas, de forma a possibilitar os cálculos que vão nortear os investimentos internacionais.
Esta medida foi considerada um grande avanço, já que pela primeira vez atrela a diversidade biológica da natureza à economia.
Já o chamado ABS é fundamental para proteger os países da chamada biopirataria, o registro feito por indústrias como as farmacêuticas - na sua maioria com sede em países desenvolvidos - de substâncias retiradas de seres encontrados em outras regiões.
O acordo fechado nesta sexta-feira prevê o pagamento de royalties por propriedade intelectual aos países de origem do material. Com isso, países como o Brasil e outros donos de imensa biodiversidade poderão lucrar com o desenvolvimento de medicamentos obtidos a partir de plantas e animais locais.
Depois de intensas negociações, principalmente sobre ABS, o acordo foi elogiado por ambientalistas.
"O protocolo de Nagoia é uma conquista histórica, que garante que o valor muitas vezes imenso dos recursos genéticos seja mais justamente dividido", disse Jim Leape, diretor-geral da organização ambientalista WWF.
Entre as decisões de Nagoia também está uma meta de proteção de 17% das áreas em terra firme, que até 2010 estava em 13%.
Os ministros de meio ambiente concordaram ainda em proteger 10% das áreas marinhas e costeiras, entre elas o alto mar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O Clima não é de Guerra

Por Dr.  José Eustáquio Diniz Alves

As mudanças climáticas globais ameaçam a humanidade. O astrofísico Stephen Hawking afirmou, recentemente, que a raça humana vai desaparecer para sempre, caso não inicie a emigração da Terra e a colonização do espaço sideral nos próximos dois séculos. Hawking considera que o ser humano está destruindo o Planeta e o aquecimento global é uma ameaça real que seria impossível de ser detida, em decorrência do padrão de produção e consumo do mundo. Para não ter o mesmo destino dos dinossauros, os humanos precisariam procurar um novo lar.

Porém, devemos pensar em mudar o nosso modo de vida na Terra antes de levar os nossos equívocos para outros planetas. As guerras e o militarismo são sem dúvida as atividades mais poluidoras, improdutivas e desnecessárias para um futuro saudável. Grande parte da poluição, da degradação ambiental e da emissão de gazes do efeito estufa vêm do complexo industrial-militar, da manutenção de exercícios, marinha e aeronáutica e das guerras espalhadas pelo mundo. O ser humano perde vidas, perde tempo e perde oxigênio com as guerras, o terrorismo e o arsenal militar. A vida na Terra teria muito a ganhar com a paz e a desmilitarização do mundo.
Segundo dados divulgados, em 02 de junho de 2010, pelo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), houve um aumento da despesa militar mundial, em 2009, apesar da crise financeira . As despesas militares de todo o mundo, em 2009, totalizaram cerca de US$ 1.531.000.000.000 (um trilhão e quinhentos e trinta e um bilhões de dólares). Isto representou um aumento de 5,9% em termos reais em relação a 2008 e um aumento de 49% desde 2000.

Toda esta fortuna gasta em atividades improdutivas e de destruição poderia ser redirecionada para mudar a matriz energética do mundo, para mitigar e adaptar os efeitos do aquecimento global e para combater a fome e melhorar a qualidade de vida dos seres humanos e dos demais seres vivos da Terra. A metade destes gastos militares (765 bilhões de dólares por ano) já seria suficiente para promover a transição da economia de alto-carbono para a de baixo-carbono.

Os gastos militares e as despesas de manutenção das forças policiais nacionais são altamente poluidoras e apenas agravam os problemas do aquecimento global. Se estes recursos gastos em destruições e mortes fossem utilizados para mudar o padrão de produção e consumo do mundo, com certeza a humanidade poderia investir na defesa da biodiversidade, na melhoria da educação e no combate às situações de pobreza e vulnerabilidade da população mundial.

Enfim, para evitar as ameaçadoras mudanças climáticas é preciso dizer não à guerra e sim à paz. As guerras e as ações militares não fazem bem ao clima. O mundo precisa de amor generalizado pela vida de todos os seres do Planeta. O mundo não precisa de guerras. Só em clima de paz é possível encontrar soluções para os problemas ambientais da Terra. Como já disse John Lennon: All we are saying is give peace a chance (Tudo o que estamos dizendo é dê uma chance a paz)!

José Eustáquio Diniz Alves, colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; expressa seus pontos de vista em caráter pessoal. 
E-mail: jed_alves{at}yahoo.com.br