quarta-feira, 28 de julho de 2010

O MAL AMBIENTAL COMPENSA

Por Mario Moscatelli

Pois bem, passados nem um ano do último vazamento, mais um presente de natal atrasado nos foi enviado pela empresa mineradora mineira Rio Pomba Cataguases.

Como eu já havia previsto com meus “poderes mediúnicos” em 2006, falando sobre o primeiro desastre e alertando sobre nossa bomba ambiental carioca, a Ingá Mercantil em Sepetiba, que o primeiro vazamento seria “apenas mais um”, como infelizmente acabou se concretizando.

Fica a pergunta: Como o biólogo sabia? Seria ele um iluminado? Um alien?

Não prezados amigos, nada disso! Tendo nascido no Brasil há 42 anos, criado numa família italiana politicamente ativa e acompanhando e participando de muito perto de tudo que acontece no meio ambiente desde 1987, é fácil saber que o “Mal compensa” principalmente se for no meio ambiente.

Ora, ora, lembrem daquela porcalhada que a estatal petrolífera fez em 1997 na baía de Guanabara e depois mais uma vez a lambança em 2000. Lembrem também das três grandes mortandades de peixes na laguna Rodrigo de Freitas de 2000 a 2002 onde foram mortas 400 toneladas de peixes exclusivamente pelo esgoto que escoava das galerias de águas pluviais.

Não adianta, somos de uma cultura fatalista, onde sabemos que vai dar merda, mas sempre acreditando na impunidade e que a culpa sempre acaba caindo no colo da Mãe Natureza ou de algum subalterno descartável ou mesmo já falecido. Tudo acaba em milhares de “pizzescas” páginas de papel, com laudos e mais laudos, muito bem embasados por escritórios de advocacia muito bem pagos, sendo que os assassinos ambientais acabam livre, leve e soltos para cometerem mais um genocídio ambiental.

Pergunto: Alguém, pessoa física, foi punido no caso da estatal petrolífera? E no caso da estatal de águas e esgoto? E nessa empresa de mineração? Salvo meu engano, EU DUVIDO!

Enfim, cabe aos infelizes que foram bombardeados pela mineradora, mais uma vez, não ficar esperando pela ação exclusiva do “puder púbico” e entrar na briga com a cara e a coragem pelos seus prejuízos, senão daqui a algum tempo cria-se mais um TAC, que apenas em raras ocasiões é de fato cumprido, visto que fiscalização para acompanhar o tal acordo, se existe, eu não conheço, e que no final das contas, quem sai ganhando é quem degradou passando as férias em algum resort em algum lugar mais desenvolvido.

Minha sugestão “revolucionária” à população local é tomar a sede da empresa degradadora e não sair de lá enquanto o dinheiro das indenizações também não sair e se baseia na seguinte informação obtida dos meios de comunicação: “A multa de R$ 75 milhões à Mineradora, responsável pelas barragens de onde vazaram 2,3 bilhões de litros de lama, em Miraí (MG), pode demorar até ser revertida em ajuda à população atingida.

Apesar da determinação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente para que todo o dinheiro seja empregado na recuperação social e ambiental, a empresa pode adiar o pagamento por meio de recursos administrativos. Até hoje não foi paga a multa referente ao acidente de março de 2006, quando também houve rompimento das barragens de contenção da lama utilizada para a lavagem da bauxita. Na ocasião, a empresa foi obrigada a pagar R$ 75 milhões pelas autoridades mineiras, mas conseguiu adiar a multa ao entrar com processo no Conselho Estadual do Meio Ambiente.”

Por isso que eu AFIRMO que no BRA$$$$IL o MAL AMBIENTAL COMPENSA.

Além disso, trabalhando nos pobres manguezais de Duque de Caxias, onde a legislação ambiental que os protege ainda não chegou, deparei-me mais uma vez com os sinais que não param de aportar através das marés.

Estou recuperando mais uma área de aproximadamente 30.000 metros quadrados na foz do rio Sarapuí-Iguaçú, sendo que durante as fortes chuvas ocorridas ultimamente, nossa área de plantio foi bombardeada por pelo menos 15 sofás, quatro poltronas, dezenas de tubos de imagem e tudo mais que vocês possam imaginar.

Todo esse material literalmente impermeabiliza a lama e impossibilita qualquer tentativa de recuperação natural dos manguezais. Numa área de 300 metros quadrados foi possível estimar a retirada de 15 toneladas de resíduos!
Sinto uma tristeza imensa vendo aquele cenário de destruição e descaso quase que total por tudo aquilo. Naquele silêncio contemplativo das árvores que nos observam trabalhando sinto, porém muita obstinação pela vida. Também há misturada com a minha tristeza, uma esperança ativa de poder recuperar. Lutamos por áreas desconhecidas, abandonadas, mas sinto que podemos reverter esse quadro. É possível, eu sei, eu sinto.





Ainda há esperança!
plantios experimentais com mangue vermelho produzidos no local


Que a Força esteja com vocês..................

Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br

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